sábado, 25 de maio de 2013

SENSATEZ VERSUS INTOLERÂNCIA

"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete". (Aristóteles) 



"Só os homens sagazmente ativos, que conhecem as suas aptidões e as usam com medida e sensatez, poderão fazer avançar substancialmente o mundo". (Johann Goethe)

"Humildade e sensatez constituem um poderoso avanço na realização dos nossos sonhos, se você não aprende isso nos erros da escola da vida, um dia você pára até de sonhar..." (Wilker Martins Chaves)

"Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros".(Tito 3:3 - Bíblia Sagrada)

 Nos dias atuais, cada um busca em sua racionalidade a imposição de seu ponto de vista como certo, como único, irrefutável, ou quando muito, cedem por pressões outras, mas não convincentes de si em poder existir um outro ponto de vista. Não me atreveria dizer que esse posicionamento é o único caminho para o surgimento da "Intolerância", seja ela religiosa, partidária, filosófica, etc., pois assim também estaria me contradizendo ao tema dessa postagem, ou seja, estaria sendo insensato nas minhas convicções e pensamentos, mas podemos acordar que esse posicionamento também contribui para o surgimento da "Intolerância" hoje tão propagada e difundida na mídia, quer seja pela maioria ou pela minoria, pois, não há uma via única de certeza ou de vitimização das consequências da Intolerância.

Para refletir bem ao que propomos nessa postagem, transcrevemos 04 (quatro) pensamentos, sendo que 03 (três) seculares e 01 (um) religioso, pois, seria inconcebível denotar qualquer assunto de intolerância e sensatez sem passar por esses vieses.

Pois bem, iniciaremos então com o pensamento de Aristóteles: "O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete". Todos sabemos quem foi Aristóteles, grande filosófo  aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Sabem-se que esse filósofo muito contribuiu para o conhecimento humano, a exemplo da física, a metafísica, música, matemática, lógica, ética, biologia e a zoologia.  Também foi conhecido por ser o fundador do Liceu, escola filosófica com cursos regulares, de manhã e à tarde, direcionado a um público interno, mais restrito, com maiores conhecimentos avançados sobre a lógica. Aristóteles em seu pensamento filosófico já atribui o equilíbrio ao "homem sensato", pois esse homem se encontra numa zona de conforto em relação ao seu posicionamento intelectual e cognitivo, nem é ignorante ou sábio, mas "meio termo". Essa é a grande questão! Quando tomamos por pressupostos apenas o nosso "achismo" ou mesmo os nossos valores e princípios, os quais foram agregados no nosso amadurecimento intelecto-cognitivo, e não abrimos mão para uma análise ou uma segunda opinião mais elaborada, incorremos na "insensatez", isto é, quando reputamos ser sábio, duvidando de tudo e de todos, ficando em cima do muro, portanto, não contribuindo para qualquer mudança de estado, ou nos tornamos "ignorantes", quando somos irredutíveis nas ações e modo de pensar, afirmando ser tudo verdadeiro, não admitindo outra situação. O sensato, ao contrário do ignorante irredutível e do sábio duvidoso, comporta-se com uma atitude reflexiva, suscetível de admitir estar errado, aprender com esse erro e tentar fazer a coisa certa.

O segundo pensamento, Johann Goethe nos diz que "Só os homens sagazmente ativos, que conhecem as suas aptidões e as usam com medida e sensatez, poderão fazer avançar substancialmente o mundo". Percebemos nesse pensamento que não basta ser "sagaz", mas que devamos conhecer as nossas aptidões e usuá-las com medida e sensatez, sem esse proceder, jamais seremos capazes de avançar substancialmente o mundo, e a esses insensatos, a pequenez lhes basta. Goethe não estava preocupado com o "avançar substancialmente o mundo" de qualquer forma, a força, a violência ou mesmo sem critérios lógicos para tal, mas através da sensatez do conhecimento de suas aptidões, ou seja, não posso abrir mão em ser sensato daquilo que domino, pois, haverá sempre uma "segunda opinião" e eu devo respeitá-la.

O terceiro pensamento fala de Wilker Martins Chaves, quando profere que "Humildade e sensatez constituem um poderoso avanço na realização dos nossos sonhos, se você não aprende isso nos erros da escola da vida, um dia você pára até de sonhar...). Que pensamento sensato! Anterior a essa postagem, eu falei sobre "Humildade", e agora e complemento com "sensatez", pois ambas constituem um "Poderoso avanço" na realização dos nossos sonhos. Chaves conclui que, ao insensato, acaso não venha aprender a sensatez na escola da vida com erros que advirem de suas atitudes, aptidões, procedimentos, fatalmente em algum momento ele parará até de sonhar, não terá mais esperança alguma em nada.

Por fim, a Bíblia Sagrada nos mostra na epistola de Paulo a Tito que a insensatez traz diversos erros contra ao nosso próximo e contra a Deus, vejamos: "Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros" . Que reflexão salutar o apóstolo Paulo faz a Tito a respeito da insensatez, pois, ao insensato cabe a desobedência, a perdição (extravios), a concupiscências (prazeres carnais), malícia e inveja, ódio, principalmente contro o próximo. 

O insensato é intolerante, como já vimos no pensamento aristotélico, não admite outra opinião, não reflete, não aceita estar errado, a sua palavra é a palavra final. Vimos ainda que o insensato não conhecer suas aptidões e as usam de forma desmedida, portanto, não tem condições de avançar substancialmente o mundo. Este insensato não declina para o aprendizado na escola da vida através de seus erros, e em não se tornando humilde, fica fadado a deixar de sonhar. Conclui a Bíblia Sagrada que o insensato vive uma vida desregrada, ou aparentemente regrada, mas no fundo, são desobedientes, concupiscentes, maldosos, odiosos de si e ao próximo.

Retomando a questão da intolerância, percebemos que ser sensato ou ao menos tentar sê-lo, já é um bom indicativo para uma vida mais acertada, pois, como já diz um ditado popular: "Nem tanto ao céu, nem tanto a terra",  ou seja, não podemos levar tudo "a ferro e fogo", onde eu estou com a razão, e mesmo a tendo, devo verificar a conjuntura, a situação em que eu e o meu próximo se encontra, sopesar a razão, a emoção e o que é possível ser feito, conhecendo minhas aptidões e aplicá-las numa medida aceitável, avançando para a construção de um mundo melhor, e aqui não me refiro as questões de soterologia (doutrina da salvação) ou de hamartiologia (doutrina do pecado) e nem tão pouco de escatologia (doutrina das coisas do fim do mundo), mas sim do aqui e do agora, do que o Jesus tentou a todo momento demonstrar ao homem que ser sensato é o caminho para uma vida feliz, menos arrogante, mais tolerável, e do contrário, o da insensatez, que em virtude dela Jesus foi preso, condenado sem nunca ter tido qualquer crime que pesasse sobre si, levado a cruz do calvário, apenas por não ter sido compreendido, por ter mostrado que Deus aceita e quer que cada um de nós conceda perdão, e não intolerância, que ame ao seu próximo, e não o odeie, pagando assim um altíssimo preço. A que ponto a insensatez chegou para Jesus!

William Nascimento Vasconcelos

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