sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

QUANDO NÃO ESTAMOS SOZINHOS

"O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão".(Provérbios 18:24 - Bíblia Sagrada). Como é bom termos amigos, e não nos sentirmos sós no mundo!
Segundo Aristóteles,  “O homem é um animal social” dizendo que a união entre os homens é natural, porque o homem é um ser naturalmente carente, que necessita de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude. Aristóteles afirma:
“As primeiras uniões entre pessoas, oriundas de uma necessidade natural, são aquelas entre seres incapazes de existir um sem o outro, ou seja, a união da mulher e do homem para perpetuação da espécie (isto não é resultado de uma escolha, mas nas criaturas humanas, tal como no outros animais e nas plantas, há um impulso natural no sentido de querer deixar depois de individuo um outro ser da mesma espécie).” (Política, I, 1252a e 1252b, 13-4)

Aristóteles faz a diferenciação entre dois tipos de espécies, as gregárias (koinonia), e as solitárias (monadika), sendo que o homem faz parte das duas espécies. As duas espécies são passiveis de uma nova divisão, aquelas que são propensas há uma vida sociável (politika) e aquelas que vivem de maneira esparsa (sporadika). O homem faz parte do primeiro grupo (politika). Portanto, a sociabilidade faz parte da natureza humana.
 A sociabilidade humana sempre foi uma intenção divina, para àqueles que acreditam nos preceitos bíblicos, ou simplesmente uma necessidade de sobrevivência, assim compreendida no campo científico. 
Como intenção divina, podemos perceber que Deus, após ter criado o homem e ter lhe atribuído algumas tarefas no momento da criação e fundação do mundo, Ele percebeu e viu que "Não era bom que o homem vivesse só" (Gênesis 2:18), logo, deu-lhe uma companheira para que fruticassem e enchessem a terra de descentes (Gênesis 1:28). Deus como um ser sábio e que sempre primou pelo nosso bem, deu-nos condições para que não ficássemos sozinhos, não só por uma questão de constituição familiar, mas de sociabilidade propriamente dita, oportunizando o contato e o amor ao próximo, e com isso, alcançarmos benefícios biopsicossociais.
Na perspectiva da necessidade de sobrevivência, em primeiro lungar, o homem como um "ser social" tem uma dependência física. Ao contrário da maioria dos animais, as crianças dependem muito dos pais. A maior parte dos mamíferos já  consegue, com um ano, sobreviver por si própria. No nosso caso, não. Só próximo aos 13 anos, os jovens estão em condições de sobreviver sem a ajuda dos pais. Há também os idosos, que precisam ser cuidados pelo grupo. Quer dizer, durante um longo tempo da nossa vida, precisamos dos nossos pais e depois dos nossos filhos para sobreviver. Há também um outro tipo de dependência que não é física, mas cultural. Para entender melhor essa dependência, vamos contar um fato que ocorreu na Índia, em 1920. Duas crianças foram encontradas na selva. Não tinham aparência humana e o comportamento delas era semelhante ao dos lobos. Caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os cotovelos e joelhos. Quando queriam andar mais rápido, se apoiavam nas mãos e nos pés. Eram incapazes de permanecer de pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre. Comiam usando apenas a boca para pegar os alimentos. Bebiam lambendo os líquidos. Durante o dia ficavam escondidas e quietas. À noite se tornavam ativas e barulhentas. Uivavam como lobos. Elas nunca choravam ou riam. Pouco tempo depois de serem descobertas, elas morreram. Essa história das meninas-lobas mostra a importância da vida em sociedade. Em termos biológicos, essas meninas podem ser consideradas humanas. Contudo, o comportamento delas as coloca mais próximas de outra espécie animal: a dos lobos. Isso mostra que é a vida em sociedade que nos humaniza. Todavia, a sociedade não existe sem os homens. Somos nós que criamos e recriamos a sociedade. Ao longo de milhares de anos, os seres humanos foram criando objetos e instrumentos, inventando regras e estabelecendo valores. Isso foi nos afastando cada vez mais dos outros animais. Dessa forma, podemos dizer que é a cultura que nos torna humanos.
Bem, sabemos que unidos, fazemos a força, e que a sociabilidade é algo divino, psicológico e cultural da qual nos torna cada vez mais humano. Como é bom ter alguém para "bater um papo", para desabafar, em quem poder contar nos momentos em que mais precisamos de uma palavra de conforto, de uma palavra amiga, de uma palavra de orientação...
Quando não estamos sozinhos, sentimo-nos forte, corajosos, motivados, dispostos a qualquer situação, pois contamos com o nosso amigo, com o nosso companheiro, com o(a) nosso(a) namorado(a), esposo(a), enfim, com alguém para poder compartilhar as nossas vitórias, alegrias, fracassos, frustrações, e aprender cada vez um com outro.



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