segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

NÃO SOMOS ESTATÍSTICAS, MAS SERES HUMANOS!

Parece contraditório a afirmativa da temática dessa postagem ao dizer que "Não Somos estatísticas, mas seres humanos!", ainda que nossas ações possam ser explicadas com dados numéricos e probabilísticos. O grande equívoco dessa análise explicativa é que, ao se debruçar friamente aos números e probabilidades de acontecimentos recorrentes a um determinado grupo social, não conseguimos compreender as variações ou mudanças de comportamentos durante esse estudo.
Quem nunca leu notícias como: " São Paulo registra redução de 63, 2% no número de homicídios durante a década passada, mesmo com o aumento populacional"; ou "Em 2012 houve um aumento de 42% de mortes no trânsito em relação ao exercício de 2011"; ou ainda "Governo tentará reduzir em 30% as mortes causadas por uso de entorpecentes nas favelas do Brasil" e assim por diante. Para compreendermos melhor a afirmativa proposta nessa postagem, refletiremos nos 03 (três) exemplos apresentados.
O primeiro exemplo apresentado, podemos perceber que as estatísticas se reportam a redução de homicídios de uma década para outra, a grosso modo, têm-se em mente que 63,2% das pessoas que vivem em São Paulo morreriam em 10 (dez) anos, ou poderíamos ainda inferir que dos vivos existentes em São Paulo e que estavam "predestinados" a morrerem durante uma década, passaram a ter uma "sobrevida", ainda que havendo um aumento populacional. Ora, como pode as ciências exatas (estatísticas, matemática) ou mesmo as ciências sociais/humanas (sociologia, antropologia) fazer tal assertiva, como se essas tivessem o poder de prevê o futuro de cada ser humano que iria morrer durante uma década? Quando se analisa a quantidade de mortos em 10 (dez) anos com o quantitativo levantado atualmente, não se pode dizer que a diferença ou resultado numérico se refere a "exata" concordância ou a certeza dessa redução, pois não somos deus para saber quem iria morrer ou não nesse período, e com isso atribuir a uma suposta redução desses homicídios.
O segundo exemplo se refere ao aumento de mortes no trânsito de um exercício para outro. É muito difícil fazer comparações desse tipo, uma vez que diversos fatores podem contribuir para o aumento ou diminuição de mortes de um exercício para o outro. Ainda que essa análise não exija uma reflexão filosófica para sua conclusão, torna-se difícil fazer essa comparação pelo simples fato de que nenhum tempo é igual a outro, quer seja pela diminuição do fluxo de veículos, quer seja pela existência uma população flutuante, quer seja pelo desenvolvimento urbano e cultural de uma sociedade, mesmo assim, há uma sensível variação de resultados, e quando tentamos responder um fenômeno sociológico com análise numérica, estamos suscetíveis ao comentimento de erros crassos.
Por fim, passemos agora a analisar o terceiro exemplo que se trata da tentativa do Governo ou qualquer outra instituição em querer "reduzir" em 30% a quantidade de mortes oriundas pelo uso de entorpecentes nas favelas brasileiras. A primeira pergunta e crucial a ser feita a essa análise é: Qual o parâmetro que me garante saber quem morrerá ou não nas favelas brasileiras por uso de entorpecentes? A probabilidade de quem usa substâncias entorpecentes e nocivas a saúde humana é sem dúvida a morte, mas como mensurar quem sejam essas pessoas? Existe um número preciso de pessoas que são dependentes ou fazem uso dessas substâncias? Ou é mais uma especulação numérica? Pois bem, como eu não tenho possibilidade de responder a esses questionamentos, logo, eu não tenho como afirmar que o governo tentará reduzir em 30% o número de mortes de usuários de entorpecentes. O que nós poderíamos asseverar com cautela é que o governo tem condições de minimizar as mortes havidas pelo uso de entorpecentes, sem jamais atribuir a qualquer número comparativo, uma vez que não há um "padrão" comportamental numa determinada sociedade, pois se houvesse, mesmo assim seria contraditório tal assertiva.
Nos dias atuais, a humanidade que dispõe de recursos tecnológicos tão modernos, na era digital, com informação sobre todos os assuntos e sobre todas as áreas, ainda não conseguiu superar a frieza da suposta cientificidade dos resultados. O homem é só mais um número na estatística, e com isso, esquecemos que somos feitos imagem e semelhança de Deus, cujos atributos de sua imagem - imago Dei - que são a inteligência, a sensibilidade, o raciocínio, o amor, dentre outros, estão cada vez mais sendo relegados a segundo plano ou até mesmo esquecidos.
Quando falamos em estatística social (http://pt.wikipedia.org/wiki/Estat%C3%ADstica_social ) não podemos nos esquecer de que somos o objeto principal de estudo, portanto, não propensos a análise tão somente de inferência numérica, mas que o estado emocional, a evolução cognitiva e desenvolvimento sócioeconômico contribuem para a variabilidade dos resultados apresentados. Não somos apenas números na estatística, mas o diferencial desse resultado, por isso, somos tão complexos.

Um comentário:

  1. "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra".(Gênesis 1:26)

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