sábado, 24 de dezembro de 2011

POR QUE DAMOS TANTO VALOR AS DATAS ESPECIAIS?

Quando iniciamos esta pergunta para nossa reflexão, a primeira coisa que nos vem a mente é a data natalina e a do ano novo, haja vista o mês de dezembro, todavia, não nos deteremos apenas as essas datas ou de outras previstas no calendário, quer seja oficial, a qual permite o feriado, ou não oficial, aquelas memorativas, a exemplo do dia do índio, da abolição da escravatura, etc., que mesmo prevista no calendário não concede aos cidadãos qualquer tipo de feriado, apenas por uma questão de conscientização histórica; falaremos sim das datas especiais, assim consideradas por nós todos, tais como ao do nosso nascimento, do dia em que casamos, do nosso primeiro emprego, do nosso primeiro beijo, de algo que realmente marcou em algum momento as nosssas vidas.
A primeira coisa que deve ser refletida ao questionamento dessa postagem é o significado palavra "valor", para então compreendermos o seu emprego as "datas especiais".
Bem, em se tratando de valores, podemos definí-los partindo das várias dimensões em que usamos, vejamos:
a) os valores são critérios segundo os quais valorizamos ou desvalorizamos as coisas;
b) Os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas ações, tornando-as preferíveis a outras.
nessa dimensão, os valores reportam-se, em geral, sempre a ações, justificam-nas. Exemplo: Participar numa manifestação a favor de uma população acometida de um desastre (natural ou provocado), pode significar que atribuímos à Solidariedade uma enorme importância. A solidariedade é neste caso o valor que justifica ou explica a nossa ação.

Ao contrário dos fatos, os valores apenas implicam a adesão de grupos restritos. Nem todos possuímos os mesmos valores, nem valorizamos as coisas da mesma forma.










Ainda no campo filosófico,  podemos classificar os valores da seguinte maneira:
Quanto à sua natureza
Valores éticos: os que se referem às normas ou critérios de conduta que afetam todas as áreas da nossa atividade. Exemplos: Solidariedade, Honestidade, Verdade, Lealdade, Bondade, Altruísmo...
Valores estéticos: os valores de expressão. Exemplo: Harmonia, Belo, Feio, Sublime, Trágico.
Valores religiosos: os que dizem respeito à relação do homem com a transcendência. Exemplos: Sagrado, Pureza, Santidade, Perfeição.
Valores políticos: Justiça, Igualdade, Imparcialidade, Cidadania, Liberdade.
Valores vitais: Saúde, Força.
Fonte: http://filosofialimite.blogspot.com/2009/03/o-que-sao-valores_26.html

Agora que já sabemos um "pouquinho" sobre valor, fica mais compreensível atribuirmos-lhe as datas especiais, numa concepção filosófica, teológica e psicanálica, que é objeto principal da nossa proposta.

 Na concepção filosófica, podemos compreender que os valores dados as datas especiais em nossas vidas tem muito haver com a questão da "perpetuidade memorável", onde todos os valores e suas dimensões não se podem perder no "tempo" e nem na "consciência científica", a exemplo das datas do dia da independência, o dia da proclamação da república, o dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, datas de guerras históricas, 11 de setembro (EUA), abolição da escravatura, dentre outras que, a grosso modo, traz uma signicância individual, ainda que essas datas sejam lembradas coletivamente.

Na concepção teológica, entende-se por "datas especiais" àquelas que de algum modo ou outro, o indivíduo fora marcado por algum feito, também memorável, em sua vida ou na vida da comunidade religiosa da qual compartilhe ou seja um membro efetivo, isto é, o sujeito é afetado ou alcançado por um ato ou fato considerado por si como sagrado, e que tem-lhe por gratidão ou compromisso, relembrar sempre esse ato ou fato, a exemplo de alguma cura alcançada atribuída a Deus, a data de sua conversão a religião, do seu batismo, da sua primeira comunhão com a comunidade religiosa, dentre outras consideradas tão importantes que jamais serão esquecidas anualmente.


Na concepção psicanalítica, as datas especiais assim consideradas, nem sempre são tão especiais! O valor a essas datas dadas por nosso consciente, pode nos trazer alegrias, regozijos, satisfação, mas também tristezas, frustrações e dissabores. Ora, se nesse último caso nos traz sentimentos desagradáveis, por que então consideramo-las "especiais"? É que em psicanálise, o significado de "especial" nem sempre conota como algo "marcante", "superior" ou "essencialmente bom", mas também como "diferente", "estranho", "singular", e assim por diante. Por isso que, mesmo não querendo lembrar de "determinadas datas" que venham nos trazer tristezas, frustrações, dissabores, dores, "vira-e-mexe", isto é, uma vez ou outra estamos sempre trazendo a mente, ainda que a contra-gosto, tais datas. Por exemplo, enquanto para algumas pessoas o dia das mães é uma data tão importante porque nos traz a lembrança de que as nossas "mães" devem ser lembradas pela sua importância nas nossas vidas, na comunidade, na constituição de uma sociedade democrática em que seu papel se sobressai na educação dos futuros cidadãos, para outras pessoas essa data traz profunda tristeza, quer seja por ter perdido (morte) seu filho nesse dia, por ter perdido o seu emprego nesse dia, por ter terminado um relacionamento tão estimato e afetuoso nesse dia, etc. etc., sempre que essa data especial for trazida a mente desses últimos, com certeza ela é e continua sendo "especial", mas com outra "conotação".
Podemos também dizer que "precisamos" de alguma forma ou de outra termos datas especiais em nossas vidas, porque se assim não fosse, a nossa vida seria um "tédio", tudo seria uma "mesmice", uma monotonia insuportável, sem criatividade, sem motivação, não teria qualquer graça viver.
Sim! Esse é o principal motivo de nós darmos tanto valor as "Datas especiais": Motivo para viver com graciosidade! Como é belo ter motivo para viver, não é? Agora imagine tendo todos os meses, todos os dias, ou a todo momento alguma data "em mente" que nos traga motivação para viver, para amar, ser amado, poder compartilhar com o próximo, explodir de alegria, buscar felicidade...É tudo que precisamos. Ainda que para alguns as datas especiais, nem todas, tragam alguma tristeza ou frustração, maior motivação tem essa mesma pessoa para comemorar, celebrar, festejar as datas especiais que não lhe traga conotações dolorosas, permitindo assim "substituir" ou "redirecionar" àquelas indesejadas. Pois se assim permanecermos por muito tempo, lembrando somente das datas especiais que nos traz tristezas e dores, algo está errado! Precisamos de ajuda.

As datas especiais não tem somente um sentido "mercadológico", apesar de ser bastante enfatizado ultimamente nesse sentido, mas quando se é comemorada por uma grande comunidade, paises ou no mundo inteiro, a exemplo de Natal, Ano Novo, Carnaval, etc., essas datas trazem o que de mais belo existe na essência humana: "De que ela faz parte do mundo!", "De que ela pode se sentir também parte desse processo memorável", "De que ela pode contribuir na história da vida de alguém".
Desde os primórdios, o homem tem se esforçado para não perder essa "essência", qual seja, de contribuir no processo histórico dos "feitos memoráveis", e que isso tem passado de geração a geração, até chegar aos nossos dias.
Eis o porquê de darmos tanta importância (valor) as datas especiais! Para nos setirmos vivos, úteis, ativos, importantes, construtores e colaboradores de um processo histórico o qual será relembrado por outros.



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