quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Por que o sucesso do próximo nos incomoda?


Antes de abordamos sobre esse assunto, façamos uma reflexão de uma pequena história contada na Bíblia Sagrada:

"E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem. E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou." (Gênesis 4:1-8).

Trágica história, não é? Até que ponto o sucesso do nosso próximo nos incomoda, tendo por causa a morte do próprio irmão? Essa história mostra que desde o início da criação da humanidade, para aqueles que são da corrente "criacionistas" ou desde o início da civilização humana, para àqueles da corrente "evolucionista", pouco importa a concepção da origem humana nesse momento, mas o que se ressalta é a sua essência a qual o vincula aos seus princípios, valores, vontades, desejos ou mesmo a sua própria personalidade diante do bem estar, do sucesso e das vitórias alcançadas por seu próximo, quando nós poderíamos estar nesse lugar de destaque.

Tomemos por exemplo o caso relatado sobre Caim e Abel. Caim, filho desejado pelo pai e pela mãe, tinha tudo para ser um homem de sucesso, pois, além de ser o primogênito (mais velho), tinha habilidades em cultivar a terra, dentre outras não relatadas na Bíblia, bem como ser responsável pela família, na ausência do seu pai, Adão. Já Abel, filho mais moço, inclinou-se para ser pastor de ovelhas, algo que não lhe exigia muita habilidade, senão de alimentá-las e protegê-las dos animais selváticos daquela época, todavia, não despendia de qualquer esforço físico (braçal) a qual era realizada de forma mais árdua por seu irmão Caim no cultivo da terra. Numa família patriarcal, que era o caso dessa história, o mais novo devia obediência (subordinação) ao mesmo velho, enquanto o mais velho era responsável (liderança) pelo mais novo. Em suma, algo aconteceu que tais "valores" não foram levados em conta, ou seja, o privilégio de ser o mais velho, o líder, o desejado, o mantenedor do lar, nada disso foi suficiente para impedir o "descontentamento" de um simples ato de amor, dedicação e sinceridade realizado por seu próximo (irmão), como vimos "...E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante".

Mas, por que Abel causou tanto incômodo a Caim? Por que o meu sucesso incomoda tanto as pessoas que dizem ser minhas amigas? Vejamos alguns supostos motivos:

1º) O sentimento de mesquinhez - Quando pesquisamos nos dicionários a palavra "mesquinhez" ou "mesquinho", temos diversos significados, dentre eles "insignificância" "Destituído de grandeza, de nobreza", dentre outras, ou seja, o sentimento de mesquinhez em nossas vidas impede-nos de crescer, de evoluir, de ser grande, nobre, e quando temos esse sentimento, o incômodo é inevitável ao ver pessoas desprovidas de mesquinhez que vive sua vida com grandeza, sinceridade, dar um sentido para tudo que faz, isso incomoda bastante as pessoas com sentimento de mesquinhez. Caim se sentiu bastante incomodado ao ver seu irmão Abel ofertando ao Senhor "o melhor" de suas ovelhas, ou seja, o primogênito e as gorduras, apreciadas pelos homens e por Deus como sacrifício. Apesar de ser um ato de gratidão (sacrifício) a Deus, a mesquinhez de Caim impedia de ver seu irmão como seu "próximo".

2º) O sentimento de inveja - Esse não precisamos dar muitos detalhes, pois é comum ter em mente a idéia do que seria o sentimento de inveja do nosso próximo. Mas, independente de detalhes, faz-se mister explicar que inveja não se resume tão somente ao sentimento de ter algo que o outro tem que reputamos ser bom para nós, e com isso desejamos insensantemente, mas também o fato de em não poder ter esse algo, buscamos prejudicar o nosso próximo para que este não alcance o sucesso desejado, vindo a sabotá-lo, ou mesmo tirar-lhe a vida, como ocorreu entre Caim e Abel.

3º) O sentimento de incapacidade - Esse sentimento gera em nós algo que nos destroi gradativamente, pois, a incapacidade assim pensada e introjetada em nossa mente, coloca-nos num estado de inércia, vegetativo, sendo levado por qualquer um para qualquer lugar. De fato, todos nós somos "capazes" e não deveria, repito, não deveria existir esse tipo de sentimento em nós, todavia, confundimos muito "capacidade" com "competência" ou com "poder".
A primeira diferença abordada é entre "capacidade" e "competência. Ter capacidade é ter habilidade para fazer determinada coisa, ou ao menos, estar treinado para atuar de determinada forma, enquanto Ter competência, é a autorização, a legitimação dada por alguém ou por uma entidade para atuar, mesmo não possuíndo capacidade. Interessante, não é? Existe situação em que a pessoa tem capacidade mas não tem competência, porque não lhe foi concedida ou autorizada para fazer, já em outros casos, existem muitas pessoas que tem competência, haja vista terem sido delegadas (autorizadas) a fazer determinadas coisas, sem o "mínimo de capacidade", daí a ocorrência de muitas frustrações, desacertos, erros, dentre outras mazelas. Para uma pessoa íntegra, não é vergonhoso dizer que "possui capacidade para fazer algo, todavia não tem competência para tal, pois não lhe foi permitida ou autorizada", vergonhoso é o contrário, e isso é o que mais ocorre em nossos dias, pessoas totalmente desabilitada, sem qualquer capacitação, mas por apadrinhamento ou questão política, assumem funções (competência) para administrar determinados órgãos ou entidades. Agora vamos falar entre "capacidade" e "Poder". Já sabendo a concepção de capacidade, partiremos direto para concepção de "Poder", ou seja, segundo a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Poder) poder é um termo derivado do latim  "potere"  o qual literalmente traduzido temos o "direito de deliberar", "direito de agir e mandar" e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. Na sociologia, o poder é definido geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Agora sim, podemos entender a diferença muito confundida entre Ter capacidade e Ter Poder. O indíviduo que possui capacidade (habilidade, aptidão), muitas das vezes não impõe ou não lhe é permitido exercer autoridade sobre outro, já existem pessoas que não tem qualquer tipo de capacidade, mas pela arrogância, exerce o seu "poder" sobre seu próximo, causando desconforto, descontentamento, ira, inveja, tornando-o, inconscientemente, incapaz.
O sentimento de incapacidade existente na pessoa pode levá-la a atos improváveis, reprováveis e danosos, pois lhe é melhor ficar nessa situação de "coitado", do que lutar por ser capaz, por descobrir que pode desenvolver em si uma capacidade tal que mude todo o seu "sentido de vida".

O exemplo usado no início do texto sobre a história de Caim e Abel, poderiam ser de quaisquer outros personagens, o que importa de fato é a reflexão sobre o motivo do incômodo do nosso sucesso diante do próximo, e a partir dessa reflexão, que possamos dar uma guinada em nossas vidas e buscar o que é melhor para nós, obviamente, sem machucar ou prejudicar o nosso próximo...Que possamos crescer juntos! Como disse Deus a Caim: "...Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado (mesquinhez, inveja, incapacidade) jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar."

Portanto, temos como compromisso pessoal sobre o "domínio" dos nossos desejos diante das reflexões aqui apresentadas, a fim de não deixar "...o pecado jazer às portas..", podendo nos abater, pelo contrário, devemos permitir que a felicidade, o amor, a prosperidade e tudo o quanto fizemos seja acompanhado de "sucesso".

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