quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

QUANDO CASAMOS COM OS NOSSOS PAIS

Casar com meu pai ou minha mãe, que loucura é essa? Jamais! Ele(a) não tem exemplos de vida pessoal que despertem em mim a vontade de repetir em minha própria vida com o meu parceiro, no meu relacionamento....Ele(a) é arrogante, prepotente, dependente de bebida alcoólica, dentre outros defeitos, como eu iria escolher um(a) parceiro(a) com essas características para me casar? Nunca!

Longe de mim explicar tudo sobre o casamento, quer seja em seus aspectos históricos,  religioso ou psicológico, mas também seria muito simplista não abordar, ainda que em poucas palavras, tais aspectos, para compreender melhor o título dessa postagem.
A primeira abordagem que gostaria de fazer sobre o casamento seria a abordagem histórica, ou seja, no início, não era necessária nenhuma espécie de cerimônia legal ou religiosa para que um casamento fosse considerado válido na Roma Antiga: bastava a coabitação entre um homem e uma mulher para que estes fossem considerados casados. A estruturação legal do casamento foi realizada ao longo da República, tendo sido alterada com o Império.
Até 445 a.C., só tinham direito a casar os patrícios. Nesse ano, e através da lei Canuleia ou Lex Canuleia, aquela que permitia o casamento entre os plebeus e patrícios, cujo objetivo principal era o fortalecimento econômico dos patrícios.
Na época de Augusto, primeiro imperador romano, a legislação ligada ao casamento sofre mudanças. Nessa altura, assistia-se em Roma a uma quebra demográfica, que se fez sentir em particular nas classes sociais mais relevantes. Para essa quebra contribui a diminuição da fertilidade dos casais, provocada pela presença de chumbo nas canalizações que transportavam a água consumida e pelo fato das mulheres utilizarem maquilhagem (maquiagem) onde esse mesmo elemento encontrava-se presente. Para além disso, os casais evitavam ter mais do que dois filhos, para evitar o fracionamento dos bens, que conduzia a uma desvalorização social, dado que o enquadramento em determinada ordem dependia da fortuna pessoal. Para incentivar a natalidade e o casamento, Augusto fez uso de duas leis, a lex Iulia de maritandis ordinibus ( 18 a.C.) e a lex Papia Poppaea (9 a.C.).
Estas leis determinavam que todos os homens com idade compreendida entre os 25 e os 60 anos, e todas as mulheres entre os 20 e os 50 anos pertencentes à ordem senatorial e à ordem equestre (as duas ordens mais importantes do Estado romano) deveriam ser casados, caso contrário seriam penalizados. A penalização consistia em impedir que recebessem legados ou heranças de pessoas que não fossem da sua família. Foi também instituído o ius trium liberorum através do qual os pais de três ou mais filhos legítimos gozavam de determinados privilégios, como a diminuição da idade mínima de acesso às magistraturas. Para as mulheres, a concessão do ius trium liberorum permitia a gestão própria dos bens (sem interferência do marido ou do pai), podendo legalmente herdar e legar. As medidas tiveram pouco efeito; o próprio ius trium liberorum foi por vezes atribuído como "recompensa" a homens que não chegaram a ter filhos, como se verificou nos casos de Marco Valério Marcial, Plínio, o Jovem e Suetónio. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Casamento_na_Roma_Antiga)
Na perspectiva religiosa, sobretudo cristã, diz-se que o primeiro casamento se deu no Jardim do Éden, quando Deus, após os seis dias da criação, e ao ter ordenado a Adão que desse nome a TODOS os animais sobre a terra, percebeu que não era bom que o homem vivesse só, daí, o fez adormecer, tirando-lhe uma de suas costelas e fechando com carne, formou a mulher, e após a entregou quando então Adão se despertou do seu sono. Convenhamos, Deus foi muito bom com o homem em conceder-lhe uma companheira idônea, conforme as escrituras sagradas, para lhe fazer companhia, pois, Adão, creio eu, já não aguentava mais de dar nomes aos "animais", e após ver a sua companheira, deu o nome de EVA, do hebraico quer dizer, mãe de todos os seres viventes, e partiu ao seu encontro, dizendo poeticamente: "Essa é osso do meu ossos e carne da minha carne", e ai amigo, só Deus sabe o que aconteceu depois dessa poesia, rsrsrsrs...É claro que supostamente sabemos o que aconteceu, pois ele também cumpriu outro mandamento de Deus que fora:

"Fruticai e multiplicai-vos, enchei a terra"  que árdua missão, não é mesmo? Os dois sozinhos, só Deus e os anjos como testemunhas, tendo de tudo na terra para se alimentar, sem precisar de muito esforço, agora com uma "dádiva", um "presente" de Deus que é fazer sexo para procriação, prazer, comunicação, cumplicidade, dentre outros sentimentos, e que necessariamente não precisam vir nessa ordem. (Gênesis 1:28 e 2:18-23).
Ainda falando sobre o casamento religioso, também conhecido por "matrimônio religioso" é uma celebração em que se estabelece o vínculo matrimonial segundo as regras de uma determinada religião ou confissão religiosa. O casamento religioso submete-se tão somente às regras da respectiva religião e não depende, segundo a religião em que se celebra, do seu reconhecimento pelo Estado ou pela lei civil para ser válido. É validade com efeitos civis é exigida em algumas religiões para os casais que queiram fazer parte da membresia (membros) daquela religião ou queiram assumir algum cargo eclesiástico ou religioso, pois, com o advento da Constituição Federal de 1988, Lei máxima no país, o casamento como "entidade familiar" perdeu um pouco a sua força com o advento do estatuto da "União Estável" que assim dispõe: Art. 226, § 3.º "Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento." Essa disposição constitucional abriu a oportunidade para todos os casais que estivessem como se marido e mulher fossem, pudessem se ajustarem à legalidade. De fato, a Constituição Federal garante na União Estável ao casal reconhecimento pelo Estado como entidade familiar.


Agora, a mais polêmica e controversa abordagem sobre o casamento seria numa perspectiva psicológica. Nessa perspectiva, a pessoa jamais se imagina ver no seu pretenso e futuro cônjuge a "figura" do seu pai ou da sua mãe para viverem juntos e constituir uma entidade familiar. Ai é que está o "x" da questão, ela não consegue ver conscientemente. No início dessa postagem, eu trouxe à tona as características desprezíveis que um filho(a) possa ter em mente em relação aos seus pais, todavia, existem sim virtudes e bons exemplos nos pais que os filhos, conscientemente almejam reproduzir nos seus relacionamentos, tais como caráter, retidão, compromisso, ser uma pessoa de palavra, afetuosa, carinhosa, dentre outras características boas. Por isso, iniciei a postagem, tentando chocar ao leitor que essa possibilidade, que não está tão distante e nem é impossível de acontecer, das pessoas ao se relacionarem, também reproduzirem as caracteristicas ruins de seus pais, todavia, inconscientemente.
Tentando explicar melhor:

Há algum tempo eu assistir um filme muito interessante, e aconselho a todos que estão lendo essa postagem a asssistir, para que possam compreender melhor o que irei falar a partir de agora, o nome do filme é "As Coisas impossíveis do Amor", um filme belíssimo, vale a pena assisti-lo, vejam o trailler no site (http://www.imagemfilmes.com.br/imagemfilmes/principal/filme.aspx?filme=103791&titulo=as-coisas-impossiveis-do-amor), ele conta a história de Emilia (Natalie Portman), a qual é uma jovem advogada recém-formada e recém-casada com Jack (Scott Cohen), chefe da firma em que trabalha. A vida parecia perfeita, até o bebê que ela acabara de dar a luz morre. Para tentar esquecer sua dor, Emilia tenta se relacionar melhor com o filho do primeiro casamento de Jack, reatar os laços com seu próprio pai e tentar superar toda as brigas com Carolyn (Lisa Kudrow), a ex-mulher traída do seu marido.Com essa breve estória do filme vocês talvez estejam perguntando: Sim, e dai? O que tem de tão especial nesse filme? O que tem haver com o título da postagem "Quando casamos com os nossos pais"? Eu lhe digo: Tem haver com TUDO, e isso lhe passarei em breve comentário:
A personagem Emília (Natalie Portman) quando conheceu Jack (Scott Cohen) para se relacionar, pensando ela que era uma paixão verdadeira e que ele era o "Príncipe Encantado" dela, na verdade ela não o conheceu, mas o "reconheceu". Como assim? Somente no enredo do filme e quase no final é que passamos a perceber isso. Emília tinha muito ódio do seu pai, um Juiz de Direito aposentado, por ter traído a sua mãe com uma garota de programa russa, e isso ela jamais o perdoaria. O interessante é que, a sua própria mãe, que deveria estar mais magoada que a própria filha, perdoou o seu marido, voltando a se encontrar com ele, e quando Emília soube, ficou chocada e fez o maior "barraco" com a atitude da sua mãe em aceitar o seu pai de volta, expondo-o ao rídiculo na frente de várias pessoas num evento muito importante realizado nos Estados Unidos (Nova Iorque).

Assim como aconteceu no filme "As coisas impossíveis do amor", acontece rotineiramente em nossas vidas, pois, existem muitos homens que se casam com mulheres submissas, porque sua mãe era submissa ao seu pai, com mulheres dominadoras, porque a sua mãe mantinha a ordem na casa e controlava tudo, com mulheres que tenham as mesmas atitudes, costumes e outras caracteristicas que lembrem as suas mães, sem que esses homens percebam que estão se casando com a mãe, digamos, de forma inconsciente.
Em relação as mulheres, do mesmo modo, casam com homens que as dominem, muitas das vezes que as maltratem, pois seus pais maltratavam suas mães, com homens que gostem de fazer uso de bebidas alcoolicas, pois seus pais sempre estavam bêbados, assim por diante.

Emília "Reconheceu" em Jack o seu "pai", mesmo que Jack não tenha agido da mesma forma que o pai da Emília, sendo um fanfarrão e traidor deliberado, mas ele (Jack) não acabou resistindo a sedução de Emília e deixou a sua família para conviver com a sedutora, e ambos tiveram uma filha, que morreu. O reconhecimento de Emília em Jack estava no sentido de "repetir" os erros do pai, ou seja, ela esperava que Jack traisse sua esposa, como de fato aconteceu, que fosse um mal caráter, etc. defeitos que o seu pai tinha, conforme sua concepção, e isso aconteceu de forma "inconsciente", até o momento em que ela se deu conta quando Jack a fez refletir no que estava fazendo. É claro que o pai de Emília também tinha muitas virtudes, e isso foi mostrado no filme, tais como, o reconhecer o erro e pedir perdão, tentar recuperar o relacionamento com sua esposa, tentar se aproximar de sua filha e demonstrar que a amava, apesar do episódio desastroso, etc. mas isso não foi suficiente para Emília num primeiro momento perdoar ao seu pai.

Na Universidade de Chicago (EUA), foi realizado uma pesquisa por cientistas daquela Universidade com 49 mulheres, as quais sentiram o cheiro da camiseta usada por dois voluntários. Eles não se alimentaram de comidas condimentadas, nem tiveram contato com animal de estimação e tampouco usaram desodorante e perfume. Tudo para não alterar o odor natural. As moças escolheram que mais gostaram. Optaram justamente pelos rapazes que tinham genes mais parecidos com os de seus pais. Interessante, não? Acessem essa pesquisa em "Tal pai, tal marido" (http://clinicaintegrare.com.br/Tal_pai_tal_marido.htm).
Concluindo, muitas das nossas decisões são tomadas pelo inconsciente, e que levamos tempo para que nos sejam reveladas ou não, e o objetivo principal dessa postagem foi trazer essa reflexão sobre o que muitas das vezes nós achamos que estamos certos ou errados, baseados apenas em nossas supostas convicções conscientes, desprezando outros fatores que hoje a ciência já nos explica. É isso, no fundo, no fundo, o nosso(a) parceiro(a) tem um pouquinho dos nossos pais....

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